Esparrama pela janela
Sempre morei no centro de São Paulo, ou seja, tive uma infância inteiramente de “menina da cidade” (apesar de ter família em Minas Gerais, onde eu passava parte das minhas férias e muitos finais de semana, o que me fez ser um pouco menos “menina da cidade”). Quando eu tinha 5 anos, surgiu mais um espaço de lazer no centro, além dos parquinhos que, na época, eram muito bem frequentados por pais e crianças. E foi no parquinho do centro de São Paulo que eu conheci meu primeiro namoradinho da infância. É o que eu sempre digo: São Paulo é uma cidade do interior e ninguém me avisou.
Bem, mas esse novo local de lazer era o famoso e polêmico Elevado Costa e Silva, mais conhecido como Minhocão, um viaduto que liga as zonas Leste e Oeste de São Paulo. No Minhocão, aprendi a andar de bicicleta e de patins. Passava horas de domingo com meus pais e amigos andando de um lado para o outro, jogando bola e até empinando pipa. Era meu momento de lazer ao ar livre, já que minha noção de distância era bem diferente da que eu tenho hoje e meus pais achavam que os parques de São Paulo ficavam muito longe de casa.
Na minha adolescência, sendo tomada pela loucura frenética de Sampa, parei de frequentar o Minhocão, mas de uns tempos pra cá, tenho percebido que as atividades de lá têm se diversificado. Festa junina no Minhocão, galinhada, piscina, festivais são eventos que já aconteceram ou acontecerão em breve.
Um desses eventos é o espetáculo “Esparrama pela Janela”, do Grupo Esparrama, que tem estreia prevista para o dia 17 de novembro, próximo domingo. O palco será a janela do 3º andar do Edifício São Benedito, localizado no número 158 da Rua Amaral Gurgel, e o público assistirá, do Minhocão, a uma distância de 5 metros. Como o objetivo é também atingir quem está de passagem pelo viaduto, o espetáculo é formado por esquetes de 5 a 10 minutos, que contam a história de um morador que está cansado de conviver com o barulho e poluição que entram diariamente por sua janela localizada em frente ao Minhocão e decide transformar este caos em poesia e alegria. Serão utilizadas técnicas de palhaços, teatro de bonecos, manipulação direta, máscaras de comédia humana, humor e de música ao vivo.
Em cartaz até o dia 15 de dezembro, “Esparrama pela Janela” terá duas sessões dominicais: às 10h30 e às 14h30. Mas o grupo já avisa: “Se chover, venha no próximo domingo!”