segunda-feira, 23 de setembro de 2013

UCB



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da Bicicleta

Revista Bicicleta - Edição 32

         

Bicicleta - Comportamento

Nossos netos precisam da UCB


                  


17/09/2013
Nossos netos precisam da UCB
Foto: Thinkstock
Pretensioso o título, que refere-se à União de Ciclistas do Brasil? Pois ele poderia chamar-se também “o planeta Terra precisa da UCB”. Explicando o primeiro: considerando que as mudanças sociais em direção à igualdade são lentas, se quisermos que nossos netos vivam em uma cidade seguramente ciclável, é preciso começar desde já a fortalecer as ações integradas de defesa e de promoção do ciclismo. Explicando o segundo: quanto mais organizadamente atuarmos para a cicloinclusão, mais cedo poderemos nos orgulhar de contribuir com algo decente para a humanidade.
Já começamos há cinco anos. A União de Ciclistas do Brasil foi fundada em 2007, quando os grupos de atuação local começavam a ganhar visibilidade e a constatar que suas intervenções estavam surtindo algum efeito – entre estes grupos contamos membros de Bicicletadas, algumas ONGs e outros grupos informais. Estava claro, desde então, que tão mais rápido serão obtidos os direitos de uso do espaço público quanto maior e melhor for a articulação entre os ciclistas das diversas partes do país.
Essa articulação ocorre em dois sentidos, com influência recíproca. Do micro ao macro: as atividades, projetos, iniciativas, campanhas feitas em nível local, se divulgadas, podem servir de exemplo para outras cidades, ou simplesmente incentivá-las a se movimentar. Pesquisas, pedaladas, reuniões com gestores, legislação, jurisprudência, panfletos, campanhas e outras atividades são produzidas tanto em megalópoles quanto em cidadezinhas, e é tão certo que seus autores e beneficiários gostariam de divulgá-las, quanto é certo que as gentes de fora também ficariam satisfeitas em conhecê-las. Todas essas experiências podem ser divulgadas espontaneamente, através das redes de comunicação de União – e, assim, aproveita quem quer. Mas muitas dessas experiências, devido à qualidade da execução e aos benefícios alcançados, podem ser selecionadas para compor um banco de dados ou serem aproveitadas como uma metodologia.
Do macro ao micro: o que ocorre em nível nacional/federal regula ou, no mínimo, influencia todas as unidades da federação – e isso vale para os setores público, privado e civil. A demonstração mais evidente vem da legislação: as normas federais, sejam elas produzidas no Congresso Nacional, no Palácio do Planalto ou no Conselho Nacional de Trânsito (Contran), incidem sobre todo o território brasileiro; e só é possível influenciar na sua formulação, excetuadas as ações de massa (que sequer se vislumbram), através de organizações representativas de nível nacional.
É importante, neste sentido, que as entidades civis cicloativistas tenham assento em órgãos como o Conselho Nacional das Cidades ou no referido Contran (através de suas Câmaras Temáticas), assim como outros segmentos da sociedade civil já o têm. E não só de leis vive o Estado: através de licitações, linhas de financiamento, orçamento público, projetos infraestruturais, campanhas educativas e outros expedientes os mandatários do poder executivo moldam cada cantinho do país... Ao gosto de quem paga a sua campanha eleitoral!
Ainda no macro, cumprem importante papel as possíveis parcerias com outras organizações da sociedade civil, sejam elas ligadas aos direitos humanos, à proteção ambiental ou às entidades de classe e trabalhistas – e se algumas delas são corporativistas, não seria porque falta-nos diálogo? E, por fim, mas não menos importante: se é a economia que move o país, os ciclistas têm na UCB uma ferramenta para dialogar com as entidades (das quais eles não abrem mão) que representam nacionalmente os interesses das construtoras e empresas de engenharia, dos shopping centers, dos bancos, dos fabricantes de bicicleta etc. e tal.
A UCB é necessária, assim como continuam sendo necessárias, nos seus contextos, a Fietsersbond (União dos Ciclistas da Holanda), que tem 35.000 membros e a Cyklistforbundet (Federação dos Ciclistas da Dinamarca), fundada em 1905; e assim como está demonstrando ser necessária, em uma escala ainda maior, a ECF (Federação Europeia de Ciclistas) – vide as recentes conquistas deles no Parlamento Europeu. A condição ciclística desses países, que têm nos inspirado por aqui, não foi lograda sem a atuação organizada, responsável e continuada da sociedade civil. Como podemos imaginar que aqui será diferente? Não abdicando de suas instituições, estes ciclistas estrangeiros extrapolaram suas próprias fronteiras nacionais, demonstrando para o mundo a viabilidade da bicicleta.
As associações locais de ciclistas (juridicamente constituídas), os grupos de pedal e os cidadãos sensíveis que protestam na internet precisam fazer sinergia, desempenhar um mínimo de esforço concentrado para produzir transformações em esferas sociais e políticas mais amplas, sob as quais todos estamos sujeitos, mudanças estas que retroagirão sobre a realidade local na qual atuam. As pessoas e instituições que também pensam assim podem se congregar à UCB através do seu sítio eletrônico. E quando seus netos forem fazer o mesmo, daqui a algumas décadas, poderão constatar, na lista de associados, que seus avós já queriam o seu bem antes mesmo deles nascerem.
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